segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Le Grand Café

Estou no Le Grand Café tomando um expresso, sentado àquela mesa onde me viste outro dia sentado tomando um expresso quando passaste na calçada do lado oposto da Avenue e me sorriste. Sorriste, mas não paraste e carregaste um quê de mim naquele sorriso tímido. Foi o sorriso mais silenciosamente melodioso que já recebi, e o foi a tal ponto que chegou a emudecer o realejo que cantava romanticamente para o casal sentado na mesa ao lado da minha. A música do realejo foi se misturando com a melodia do teu sorriso até que o teu sorriso sobressaiu a musica do realejo. E eu te acompanhei caminhar com meu olhar lânguido até que dobraste a esquina saindo do meu campo visual, saindo da Boulevard des Capucines, deixando-me aqui com o meu expresso e sem um quê de mim... Foi por isso que voltei agora, à mesma hora, esperando que passes e me sorrias de novo, emudecendo o velho realejo, já cansado de tocar ao vento, à espera de que se forme algum casal...

Gentil,

domingo, 15 de novembro de 2009

Billet d´automne

Vim ao lago, hoje pela manhã, como sempre, mas não nos encontramos. Eu não saio de casa todo encasacado, de luvas e de gôrro só para jogar farelos aos peixes, muito menos para jogar farelos aos peixes só... Por isso, hoje pela manhã, eu fiquei aqui, sentado na armação branca de madeira desse banco frio, sozinho, esperando ouvir o pisar dos seus pés sobre as folhas secas, no bosque. E, uma ou duas vezes, por alguns minutos, fechei os olhos na esperança de que você hoje viesse mais silenciosamente do que o comum e, tapando meus olhos com as mãos enluvadas em lã, me pregasse um susto pedindo que eu adivinhasse quem era - mas eu saberia facilmente por conta do seu perfume, inconfundível, e da sua voz. Mon amour, Paris é mesmo um mundo, estamos tão proximamente distantes... Se não estivesse ficando tão frio eu esperaria mais... Mas vou deixar, preso no banco, esse bilhete... Espero que o encontre, que o leia, e que logo logo possamos nos encontrar e jogar juntos comida aux notres poissons, ici.

Ton chèr,
Gentil D´lavôr