Estou no Le Grand Café tomando um expresso, sentado àquela mesa onde me viste outro dia sentado tomando um expresso quando passaste na calçada do lado oposto da Avenue e me sorriste. Sorriste, mas não paraste e carregaste um quê de mim naquele sorriso tímido. Foi o sorriso mais silenciosamente melodioso que já recebi, e o foi a tal ponto que chegou a emudecer o realejo que cantava romanticamente para o casal sentado na mesa ao lado da minha. A música do realejo foi se misturando com a melodia do teu sorriso até que o teu sorriso sobressaiu a musica do realejo. E eu te acompanhei caminhar com meu olhar lânguido até que dobraste a esquina saindo do meu campo visual, saindo da Boulevard des Capucines, deixando-me aqui com o meu expresso e sem um quê de mim... Foi por isso que voltei agora, à mesma hora, esperando que passes e me sorrias de novo, emudecendo o velho realejo, já cansado de tocar ao vento, à espera de que se forme algum casal...
Gentil,
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