domingo, 15 de novembro de 2009

Billet d´automne

Vim ao lago, hoje pela manhã, como sempre, mas não nos encontramos. Eu não saio de casa todo encasacado, de luvas e de gôrro só para jogar farelos aos peixes, muito menos para jogar farelos aos peixes só... Por isso, hoje pela manhã, eu fiquei aqui, sentado na armação branca de madeira desse banco frio, sozinho, esperando ouvir o pisar dos seus pés sobre as folhas secas, no bosque. E, uma ou duas vezes, por alguns minutos, fechei os olhos na esperança de que você hoje viesse mais silenciosamente do que o comum e, tapando meus olhos com as mãos enluvadas em lã, me pregasse um susto pedindo que eu adivinhasse quem era - mas eu saberia facilmente por conta do seu perfume, inconfundível, e da sua voz. Mon amour, Paris é mesmo um mundo, estamos tão proximamente distantes... Se não estivesse ficando tão frio eu esperaria mais... Mas vou deixar, preso no banco, esse bilhete... Espero que o encontre, que o leia, e que logo logo possamos nos encontrar e jogar juntos comida aux notres poissons, ici.

Ton chèr,
Gentil D´lavôr

Um comentário:

  1. Ai, como me doeu saber que se não fosse por um pequeno imprevisto, pequeno mesmo, nós teríamos nos reencontrado... só depois pude perceber que o meu dia ,tão igualmente frio, teria sido emocionante. Percebi que meu coração poderia quase sufocar quando te encontrasse. Mas, não aconteceu... ainda!No entanto, como as coisas que são tão sonhadas, tão certas, tão desejadas acontecem... acontecerá!E devo dizer-te... hoje, fiz de conta que estávamos em Paris(com tudo aquilo que tanto sonhamos, dentro, lá dentro de nós.Poesia. Balões coloridos. Sorrisos. Olhares marejados.) e cantarolei quase dentro de mim uma "canção-amor" pra nós dois dançarmos. Nem que fosse em pensamento.


    P.S: Hoje alimentei os nossos queridos... Tenho quase certeza de que um dia eles nos surpreenderão, de tão robustos!

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