sábado, 5 de dezembro de 2009

Ridículo

Não, eu não fugia de ti. Fujo agora, temporariamente, até que o teu rosto se confunda com os outros que trago na memória, e eu possa, então, encará-lo de frente sem mais discernir nariz, olhos, boca. Fujo até que eu consiga olhar-te sem associar tua boca àquela com que ainda sonho, mesmo fugitivo - a que me persegue -, tua boca que é minha, visto que ma deste.
Não a quero mais, essa boca que insiste em tocar meus labios fechados enquanto tento dormir. Assim como não quero mais que invadas meu esconderijo em sonho! Quero que me deixes, é isso que quero. Quero que saias completamente de mim, que leves o que trouxeste contigo e também aquilo que é meu do qual te apossaste!
Não, deixa meu coração, ainda vou precisar dele, afinal sou um romântico. E sou, como todo romântico, ridículo. Mas sou, como poucos ridículos, intensamente sensível. É por isso que me escondo de ti num solar imperial no cruzamento de duas ruas sem sobrenome onde só tu podes perfeitamente me encontrar.

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